O fogo que não consome

Da sacada da minha casa, orei ao ver crianças, jovens e adultos fantasiados indo para o Carnaval, “felizes”. Para eles, parecia algo inofensivo, sem saberem a escuridão por trás dessa festa. Emocionei-me ao lembrar de quando fiz minha aliança com Cristo exatamente nesse período, em fevereiro de 2003. Eu tinha quinze anos, prestes a completar dezesseis. Não houve tempo para experimentar o mundo, pois o Senhor me resgatou rapidamente.

“Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e antes que se aproximem os anos em que você dirá: ‘Não tenho satisfação neles’.”

(Eclesiastes 12:1)

Minha aliança foi feita após o convite de meu primo para visitar um pequeno ministério que estava nascendo. Os cultos aconteciam em uma oficina de lanternagem de carro. Naquela semana, ao compartilhar minha decisão com um familiar, ouvi: “Isso é fogo de palha. Eu dou três meses para isso acabar.” Mas fui como a sarça que Moisés viu, que não se consumia. A presença de Deus me sustentou, impedindo que eu fosse apagado.

Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, esta não era consumida pelo fogo.”

(Êxodo 3:2)

Por alguns anos, toquei música secular e, durante o ensaio geral para minha estreia com um grande cantor da MPB, no Canecão, informei à diretoria do evento que não queria mais seguir por aquele caminho, pois desejava tocar apenas para Jesus. Disseram-me que, assim, eu estaria queimado no mundo musical. No entanto, o fogo da presença de Deus permaneceu aceso sem me consumir. Com Jesus, não fui queimado!

Quando fui chamado para o ministério pastoral, há mais de dez anos, enfrentei muitos ataques, inclusive de irmãos em Cristo, simplesmente por ser jovem e solteiro. Creio que Paulo, Barnabé e Timóteo também passaram por isso. Mesmo assim, vi muitos serem resgatados das drogas, meninas deixarem a prostituição e inúmeros testemunhos de transformação. As críticas fazem parte do amadurecimento, mas, apesar de tudo, o fogo do Espírito me sustentou, impedindo que eu fosse consumido.

Quando Mariana e eu anunciamos nosso desejo de casar, ouvimos: “Vocês não podem, pois não têm condições financeiras nem casa para morar.” Mas casamos, e já caminhamos para o sexto ano de casamento. Não porque ficamos ricos, mas porque o mesmo fogo que me sustentou no passado continua ardendo em nossa união.

Hoje, após vinte e dois anos de caminhada com Cristo, o mesmo fogo que me sustentou aos quinze anos continua me conservando aos trinta e sete.

Sempre teremos fraquezas, pois fazem parte da nossa humanidade. Os homens podem nos julgar, proferir palavras que nos diminuem e duvidar de nós, mas isso não deve nos abalar. Pelo contrário, é nas fraquezas que o poder de Deus se manifesta e se aperfeiçoa. Assim como a sarça, frágil por si só, mas intacta quando envolvida pelo fogo do Espírito, também somos fortalecidos quando nos entregamos à graça divina.

Obrigado, Jesus, por me sustentar com Tua presença!

Foto de Douglas Galvão

Douglas Galvão

Servo de Yeshua, Marido, pai, músico e Pastor.

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