FÉ para romper ciclos de impossibilidades

Em Mateus 14, encontramos uma das passagens mais impactantes do Evangelho: Jesus insistiu para que os discípulos entrassem no barco e seguissem para o outro lado do mar, enquanto Ele se retirava ao monte para orar. Essa ordem simples carrega um profundo ensinamento espiritual. Os discípulos obedeceram, então o vento s contrário e as ondas começaram a açoitar o barco, empurrando-o para longe da margem.

O cenário nos fala de momentos em que, mesmo obedecendo a direção de Jesus, somos confrontados por ventos fortes e tempestades inesperadas. Mas há um mistério aqui: aquelas ondas que pareciam contrárias, na verdade estavam levando os discípulos para o lugar onde teriam uma das experiências mais sobrenaturais com o Senhor. O aparente obstáculo era, na verdade, um veículo para leva-los a uma experiência ainda maior.

Na tradição judaica, os rabinos ensinam sobre o Tikkun Olam, que significa “reparação do mundo”. Mas também existe um Tikkun pessoal — um processo individual de reparação, transformação e crescimento. Cada luta que enfrentamos, cada vento contrário, carrega em si um convite para o amadurecimento espiritual. O tamanho da batalha muitas vezes aponta para a grandeza daquilo que o Senhor deseja nos revelar ou nos entregar.

É durante a noite, o tempo da escuridão, da incerteza, do medo , que Jesus vem ao encontro dos discípulos, andando sobre as águas. Ele não os esqueceu. Ele sabia onde estavam. E mais do que isso: Ele estava usando aquela situação para marcar suas vidas para sempre.

Pedro, ao ver o Mestre, faz um pedido ousado: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas.” Jesus simplesmente diz: “Vem.” Essa única palavra foi suficiente para que Pedro saísse do barco e andasse sobre o impossível.

Esse momento nos ensina algo poderoso: não precisamos de todas as condições humanas favoráveis para viver o que Deus prometeu. A fé não depende de evidências visíveis, mas de uma única palavra que venha da boca do Senhor. Quando Ele diz “vem”, mesmo o mar agitado se torna caminho.

No entanto, ao tirar os olhos de Jesus e se concentrar no vento, Pedro começa a afundar. Isso revela a tensão entre o sobrenatural e o natural. O sobrenatural é acessado pela fé e sustentado pelo foco em Cristo. Quando desviamos o olhar, damos mais atenção às circunstâncias do que à promessa, e começamos a afundar.

Nós nao precisamos de todas as resposta e provisões para sair de situações limitadas, nós precisamos nos movimentar primeiro em fé.

Muitos de nós estamos em barcos que representam segurança, conforto e estruturas humanas que nos limitam. O Senhor está nos chamando a romper com essas limitações. Há lugares no espírito onde só chegaremos se tivermos coragem de sair do barco e caminhar sobre as águas, sustentados apenas por uma palavra.

Você não precisa que o milagre esteja completo, que o dinheiro esteja na conta, que tudo esteja resolvido. Você precisa ouvir o “vem” de Jesus — e obedecer. É nesse passo de fé que o impossível se torna chão, e o sobrenatural se manifesta.

O Senhor está nos chamando a viver experiências inéditas com Ele. Coisas que não têm precedente, que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, e nem jamais subiram ao coração do homem. É tempo de romper com o natural, abandonar os barcos que nos aprisionam e andar em direção Àquele que nos sustenta mesmo nas águas mais profundas.

Foto de Mariana Galvão

Mariana Galvão

Esposa, mãe, pastora e escritora.

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