A ideia de que Israel é uma nação que nasce do sacrifício de Isaque se fundamenta na história de Abraão e o sacrifício de seu filho Isaque, descrita em Gênesis 22:1-18. Este evento, conhecido como a Akedá (ou ligação de Isaque), é visto como um dos momentos mais significativos da relação de Israel com Deus. Abraão foi provado ao ser instruído a sacrificar seu filho da promessa, mas no último momento, Deus providencia um carneiro como substituto, preservando a vida de Isaque. Este episódio se torna um símbolo profundo da disposição de Israel de ser “sacrificada” para cumprir os propósitos de Deus, tanto para si mesma quanto para as nações.
1.Sacrifício de Isaque e a Promessa
Em Gênesis 22:17-18, após o teste de Abraão, Deus promete:
“Multiplicarei grandemente a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia da praia do mar, e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos. E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz.”
Aqui, a promessa de bênção às nações está intrinsecamente ligada ao sacrifício de Isaque. Isso sugere que a descendência de Abraão (Israel) tem um papel fundamental no plano redentor de Deus para o mundo, sendo um canal de bênçãos, mas também de julgamento e correção, como forma de tratar com as nações.
2. O Sofrimento de Israel ao Longo da História
Israel, de fato, passa por muitas situações ao longo da história que podem ser vistas como “sacrifícios” impostos por Deus. A destruição do Primeiro e Segundo Templos e o exílio em Babilônia, por exemplo, são formas de correção divina para Israel, mas também funcionam como advertências e lições para as outras nações.
Em Jeremias 30:11, Deus declara:
“Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para salvar-te; porquanto destruirei de todo as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não destruirei de todo, mas castigar-te-ei com medida, e de todo não te terei por inocente.”
Deus usa a disciplina sobre Israel não só para tratá-la, mas também como um testemunho às outras nações sobre sua justiça.
3. Israel como Servo Sofredor
A ideia de Israel como uma nação que “sofre” e, por meio de seu sofrimento, serve a um propósito maior também é central nos profetas, especialmente em Isaías 53. Ainda que este capítulo seja tradicionalmente interpretado pelos cristãos como uma referência ao Messias (Jesus), muitos rabinos veem nele uma descrição coletiva de Israel como o “servo sofredor”:
“Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5).
Este texto expressa a ideia de que o sofrimento de Israel, semelhante ao de um sacrifício, traz cura e redenção, tanto para si quanto para o mundo.
4. A Restituição de Israel e seu Impacto nas Nações
O apóstolo Paulo, em Romanos 11:11-12, fala sobre o impacto do processo de rejeição e restauração de Israel sobre o mundo:
“Porventura tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum! Mas pela sua transgressão veio a salvação aos gentios, para incitá-los à emulação. Ora, se a transgressão deles é a riqueza do mundo, e o seu abatimento é a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!”
Aqui, Paulo destaca que, mesmo no momento de rejeição e sofrimento de Israel, as nações (os gentios) foram abençoadas. Isso reflete a ideia de que o “sacrifício” de Israel serve a um propósito redentor global.
5. O Papel de Israel no Final dos Tempos
Por fim, o tratamento de Deus com Israel, que envolve juízo e restauração, tem um impacto direto nas nações, especialmente nos eventos que precedem a restauração final. Em Zacarias 12:9-10, Deus fala de um tempo em que as nações atacarão Jerusalém, mas Ele intervirá:
“E acontecerá naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém. Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram.”
Esse texto aponta para um momento de confronto final entre Deus, Israel, e as nações, com o “sacrifício” de Israel desempenhando um papel crucial no plano escatológico de Deus.
Israel, como nação, de fato carrega em si a marca de “sacrifício”, como ilustrado pelo sacrifício de Isaque, ao longo de sua história e de seu relacionamento com Deus. O sofrimento e as provações que Israel experimenta não são apenas para seu próprio tratamento, mas também servem como um meio pelo qual Deus trata com as nações e realiza Seu plano redentor para toda a humanidade. As Escrituras demonstram que, através desses momentos de “sacrifício”, Israel cumpre seu papel como canal de bênção e redenção para o mundo.
6. O sofrimento de Israel é análogo ao de Yeshua.
Embora o sofrimento da nação de Israel não tenha um caráter redentivo e salvífico. O seu sofrimento aponta para o o Messias que viria, Yeshua. Em muitas passagens bíblicas, especialmente dos profetas, o servo sofredor (o messias) e Israel se confundem. Entretanto, sabemos que o sofrimento e a disciplina aplicada por Deus à nação de Israel cumpre um propósito, como já destacamos de testemunhar as nações a justiça de Deus. Enquanto o sofrimento, a morte e a ressurreição de Cristo cumpre o propósito insubstituível de salvar todos os que creem. Primeiro do judeu e depois do gentio.
Romanos 1:16-17 NVI
[16] Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro, do judeu e, depois, do grego. [17] Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”.