Encontrado

Minha vó é uma senhora muito idosa que não dispõe de grandes recursos financeiros, e mesmo assim decidiu presentear todos os netos e filhos com um anel de formatura. Ao longo dos anos, conforme nos formávamos, ela nos presentava. Eu fui a primeira a me formar e recebi o meu.

Faz um tempo que uso meu anel no dia a dia e nunca o tiro. Certa feita, enquanto fazia os pães de Shabat, decidi tirar todos os anéis para não atrapalhar. Foi quando, no dia seguinte, me dei conta de que ele não estava no meu dedo — e eu não o achei na cozinha, depois de arrastar o fogão e a geladeira…

Fiquei muito triste e liguei para a joalheria onde minha família costuma comprar e fazer consertos — inclusive foi lá que fiz minha aliança de casamento — e perguntei o preço de um anel igual ao meu. O valor era razoável, mas não se tratava de comprar outro igual, e sim do valor sentimental que tinha o anel que minha vó me deu. Por ter sido um presente, tinha mais valor afetivo do que material. Desisti de comprar e pedi a Deus para encontrá-lo. Essa busca durou algumas semanas. Depois, me conformei parcialmente com a perda. Na verdade, eu evitava lembrar. Detesto perder coisas que estejam ligadas à memória e ao afeto. Isso me entristece demais!

Passados mais ou menos cinco meses após o sumiço do anel, tive uma visão enquanto orava. Vi uma lamparina de bronze antiga (semelhante à do Aladim), com muito azeite dentro. De imediato, pensei: “O Senhor vai me mostrar algo.” Alguns dias se passaram, e eu fiz um tremendo esforço para varrer a casa, especialmente debaixo das camas. Por conta da gravidez, algumas tarefas têm sido difíceis, e tenho deixado para o meu marido. Mas, especialmente nesse dia, decidi varrer. Quando puxei a vassoura, ouvi um barulho. O que era? Meu precioso anel! Ele estava escuro e empoeirado, quase irreconhecível. Por conta do barulho, peguei e vi que era ele. Imediatamente, coloquei um produto de limpar joias e ele voltou a brilhar como antes. A minha alegria foi imensa, mandei mensagem pelo WhatsApp pra minha mãe avisar minha vó que eu tinha encontrado o anel.

Dessa experiência, aprendi muitas coisas especiais. A primeira é que tudo que tem valor para nós precisa ser guardado com zelo. Mas ainda assim, há coisas que não dependem de nós e que podemos perder ou ser usurpados delas por diversas circunstâncias que fogem do nosso controle. A segunda coisa é que dinheiro não pode resgatar bens que possuem valor espiritual — e, nesse caso, sentimental — em nossa vida. E a terceira coisa é a mais importante: a busca.

Talvez, nas buscas anteriores, eu não tenha sido diligente o suficiente para encontrá-lo. Eu até cheguei a sonhar que ele estava debaixo da cama e procurei, mas não encontrei. Fiquei frustrada. Mas ele estava lá — eu é que não fui atenciosa o suficiente.

Uma experiência semelhante a essa está relatada na Bíblia (Lucas 15:8-10). Havia uma mulher que possuía dez dracmas (pendentes) e, ao perder uma, decidiu acender a luz, varrer a casa e procurá-la até encontrar, a Bíblia conta que quando ela se encontrou ela se alegrou muito com suas amigas e vizinhas.


Procure e investigue em oração aquilo que é precioso para você! Não se conforme em perder valores espirituais que o Senhor te presenteou! Ainda que esteja perdido, será encontrado; e, ainda que tenha sido roubado, será restituído. Basta somente crer, acender a luz (da Palavra), buscar e esperar!

Talvez a restituição virá de uma forma inesperada, depois de você crer e descansar. Pode até ser que esteja irreconhecível depois de um tempo, assim como um baú de tesouros quando cai no fundo de um oceano passa a ter muitos resíduos que o torna irreconhecível, mas aquilo que é nosso, virá para nossas mãos se crermos e poderá ser restituído do seu brilho e valor !

Que o Deus da restituição possa te visitar!

Shalom.

Foto de Mariana Galvão

Mariana Galvão

Esposa, mãe, pastora e escritora.

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