Como surge a falsa profecia ?

A falsa profecia, na maioria das vezes, nasce do julgamento precipitado do ser humano. O processo costuma começar quando um religioso estabelece um juízo temerário sobre a realidade de outra pessoa. Ou seja, ele forma uma opinião baseada em aparências ou fragmentos da vida alheia, sem conhecer o coração, as intenções ou os contextos reais que envolvem a situação. No entanto, a Palavra nos orienta: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (João 7:24). E ainda adverte: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha” (Provérbios 18:13).

A partir desse julgamento, o religioso passa a emitir uma “verdade” como se fosse revelação divina, dizendo que aquilo que está expressando é a palavra de Deus. Mas, na verdade, está apenas reproduzindo sua própria visão interior, sua interpretação pessoal. O profeta Jeremias denunciou esse comportamento: “Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu próprio coração, e não da boca do Senhor” (Jeremias 23:16). E Ezequiel também declarou: “Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram!” (Ezequiel 13:3).

Essa falsa profecia, então, se alimenta de suposições, de frases ditas pela própria pessoa ou de situações que foram expostas por ela. A partir dessas informações, o “profeta” constrói uma interpretação dos fatos supostamente espiritual. Mas, segundo a Bíblia, ninguém conhece verdadeiramente o que está no coração humano senão o próprio espírito da pessoa: “Qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está?” (1 Coríntios 2:11).

Quando o julgamento se apoia em fragmentos de informações ou rumores, ele se torna perigoso, pois leva a conclusões precipitadas, como nos alerta Provérbios 17:4: “O malfazejo atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos para a língua maligna.”

Por fim, a falsa profecia se articula como se fosse uma lei de causa e efeito, baseando-se em padrões e situações corriqueiras em ambientes religiosos. O “profeta” interpreta a realidade com base em tradições ou experiências humanas e as apresenta como se fossem verdades eternas vindas de Deus. Isso resulta em manipulação espiritual. O Senhor falou claramente por meio de Isaías: “Este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu” (Isaías 29:13). Por isso, o apóstolo Paulo adverte: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens” (Colossenses 2:8).

Diante disso, é essencial ter discernimento espiritual. A Palavra nos exorta: “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 João 4:1). Jesus também advertiu: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mateus 7:15). Assim, precisamos estar vigilantes para não confundir julgamentos humanos com a voz de Deus. A verdadeira profecia edifica, consola e exorta (1 Coríntios 14:3), mas jamais manipula, condena ou se apoia em aparência.

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Mariana Galvão

Esposa, mãe, pastora e escritora.

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