A inimizade entre Israel e os Amalequitas atravessa milênios e tem raízes profundas que remontam à rivalidade entre Esaú e Jacó. Ainda que esses irmãos tenham se reconciliado em Gênesis 33, a hostilidade persistiu na linhagem de Esaú, particularmente através de Amaleque, seu neto (Gênesis 36:12). Amaleque tornou-se o ancestral dos amalequitas — uma tribo edomita que habitava ao sul de Canaã, nas regiões desérticas próximas ao Sinai.
A Primeira Confrontação: Desde o Deserto
A primeira hostilidade declarada dos amalequitas contra Israel ocorreu logo após a saída do Egito, quando atacaram os israelitas de forma traiçoeira (Êxodo 17:8-16). Por esse motivo, Deus declarou guerra perpétua contra eles:
“O Senhor fará guerra contra Amaleque de geração em geração” (Êxodo 17:16).
Zachor: A Ordem de Lembrar
Deus ordenou a Israel que nunca esquecesse essa traição:
“Lembra-te do que os amalequitas te fizeram no caminho, quando saíste do Egito… Apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu. Não te esqueças” (Deuteronômio 25:17-19)
Essa ordem de lembrar — Zachor — tornou-se parte essencial da identidade de Israel.
A Ordem a Saul e os Queneus
Séculos depois, Deus ordenou ao rei Saul que destruísse completamente os amalequitas (1 Samuel 15:1-3). Contudo, Saul desobedeceu parcialmente, poupando o rei Agague e o melhor do rebanho. Por isso, foi rejeitado como rei. É importante notar que os queneus, aliados e amigos de Israel, foram poupados da destruição por ordem divina (1 Samuel 15:6), demonstrando o senso de justiça de Deus.
o Edito de morte no cativeiro Medo-Persa: Hamã, o Agagita
No período do cativeiro medo-persa, surge Hamã, o agagita (Ester 3:1), descendente do rei Agague, amalequita. Ele arquitetou um plano para exterminar todos os judeus do império persa:
“Disse Hamã ao rei Assuero: ‘Há um povo espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino, cujas leis são diferentes das de todos os outros povos… não convém ao rei tolerá-lo’” (Ester 3:8).
Purim: A Vitória do Povo de Deus
Contudo, através da coragem de Ester e da providência divina, os judeus foram libertos, e Hamã foi enforcado na própria forca que preparara para Mardoqueu (Ester 7:10). Essa vitória é celebrada até hoje na festa de Purim, como recordação da fidelidade de Deus em preservar Seu povo.
“Estes dias deveriam ser lembrados e celebrados de geração em geração” (Ester 9:28).
Nos Dias Atuais: O Espírito de Amaleque no Irã
A inimizade contra Israel persiste. Na geopolítica contemporânea, o Irã — na antiga região da Pérsia — tem se destacado por seu discurso agressivo contra Israel, jurando sua destruição. Líderes iranianos frequentemente se referem a Israel como o “pequeno Satã” e defendem seu apagamento do mapa.
Essa hostilidade ecoa o mesmo espírito de Amaleque e Hamã — uma oposição espiritual e existencial ao povo de Deus. A Bíblia nos mostra que, nos últimos dias, as nações se ajuntarão contra Israel, mas Deus intervirá:
“Congregar-se-ão muitas nações contra ti, que dizem: ‘Seja profanada, e os nossos olhos verão isso!’ Mas não sabem os pensamentos do Senhor…” (Miqueias 4:11-12).
“E acontecerá, naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém” (Zacarias 12:9).
Até o Reino Milenar
A guerra contra Amaleque é tanto histórica quanto espiritual. Ela aponta para um conflito contínuo entre o povo de Deus e as forças das trevas. Contudo, as Escrituras nos asseguram que essa guerra terá um fim com a vinda de Yeshua HaMashiach (Jesus, o Messias), que estabelecerá Seu reino de paz e justiça.
“E virão muitos povos, dizendo: Vinde, e subamos ao monte do Senhor… e ele nos ensinará os seus caminhos” (Isaías 2:3).
Até lá, permanece o chamado: Zachor — Lembra-te! Pois Deus é fiel, e assim como livrou Israel nos dias de Ester, livrará novamente nos dias do fim.